Tartarugas até lá embaixo e a nossa necessidade de entender tudo


E aí gente, tudo certo? Espero que sim! Comecei 2018 me presenteando com uma leitura incrível do livro "Tartarugas até lá embaixo" e vim trazer minhas impressões aqui para os que gostariam de saber mais sobre esse lançamento ou ainda não conhecem a doce tortura que é ler os livros do "João Verde". Também criei uma pasta no Pinterest com achados do livro, você pode conferir clicando aqui.




O livro conta a história de Aza Holmes, uma garota de 16 anos que mora com sua mãe na cidade de Indianópolis nos Estados Unidos. Ela divide o seu tempo entre escola, casa e pensar na faculdade com sua melhor amiga Daisy que é super emponderada, falante e fissurada em Star Wars. 

O ponto de partida para o desenrolar da história é o sumiço de Russel Picket, um milionário dono de uma grande empresa da cidade que está sendo acusado de corrupção. Daisy descobre que a polícia está oferecendo uma recompensa de 100 mil dólares pra quem tiver alguma pista sobre o desaparecimento de Russel, o que faz Daisy ficar super interessada, afinal é muito dinheiro. Quando Aza era mais nova teve uma amizade significativa com o filho mais velho do magnata, Davis Picket, a amiga então vê uma oportunidade das duas se darem bem. 

Eu tenho um grande problema com expectativas em relação a filmes e livros. Quando começo a ler achando que é uma coisa e depois é outra fico extremamente decepcionada. Não imaginei que "Tartarugas até lá em baixo" fosse um mistério, mas gostaria de ressaltar aqui que para minha surpresa o mistério não é o ponto principal da história. Aza é uma garota normal do ensino médio, passando por todos os problemas que são dignos dessa época mas com um agravante: ela tem várias crises de pânico que chama de "terríveis espirais de pensamentos que se afunilam cada vez mais e ameaçam aprisioná-la."

O que ele disse sobre pensamentos era exatamente o que eu vivia - um destino, não uma escolha. Não como um catálogo da minha consciência, mas como uma oposição a ela.
Para mim, esse foi o ponto mais marcante na história. Ouvimos sobre doenças mentais o tempo todo: como lidar, quando diagnosticar, como ajudar essas pessoas que sentem isso mas é fora do nosso alcance fazer isso sem entender o que elas estão passando. Muitas vezes foge de lógica e controle e a Aza vai nos explicar claramente (mas com um pouco de dificuldade para ela) como é ver o mundo dessa perspectiva. 

O ser humano é tão dependente da linguagem que, até certo ponto, não conseguimos entender o que não podemos nomear. Por isso presumimos que as coisas sem nome não são reais. A dor é o oposto da linguagem.

Como em todo livro do John Green os personagens são todos muito marcantes, com personalidades excêntricas e extremamente inteligentes. Uma das coisas que mais me chama a atenção nos livros desse autor querido é o fato de contar histórias do cotidiano, que poderiam estar acontecendo ali no prédio ao lado, só que com questionamento filosóficos intrigantes. Não tem como ler e continuar sendo uma pessoa desinformada, ler John Green é sempre se atualizar de conhecimentos gerais sobre a vida. Outro ponto interessante é que os personagens são bem humanos (claro Letícia, são pessoas) mas eu quero dizer que também podemos nos identificar bastante com seus sentimentos e com o que cada um passa durante o livro. Em nenhum momento algum personagem é endeusado ou inatingível, o que faz a história parecer ainda mais real. 

Eu só queria dizer, Holmes, que você é cansativa, sim, e que ser sua amiga da trabalho, sim, mas você também é a pessoa mais fascinante que eu conheço e não tem nada a ver com mostarda. Você é uma pizza inteira, e esse é o maior elogio que eu poderia fazer a alguém.

Sobre o livro no geral, o mistério é intrigante e te deixa curioso em boa parte do tempo mas da pra conciliar com o interesse pela história pessoal de cada um, como se em cada capítulo tivesse um propósito exclusivo para se tratar. Vamos descobrir o que talvez foi agravante para a Aza ter certas crises, quais os seus medos, seus propósitos. Vamos ter uma prova linda de que amizades não são 100% perfeitas mas que valem a pena mesmo assim. É maravilhoso quando ela se reaproxima do Davis e é desconstruída a imagem de um garoto rico e fútil para um garoto gentil, inteligente e cheio de essência positiva. O relacionamento dos dois (que eu não vou contar se é de namoro ou amizade) nos traz muitas perspectivas diferentes sobre clichês. É leve, é fofo, é de nos fazer suspirar sem ter gestos românticos grandiosos ou brigas insensatas. É um livro para ler sem pensar em um final feliz ou numa grande reviravolta e apenas refletir e sentir cada ponto da história. 
Ela me lembrou mais de uma vez que a chuva de meteoros estava acontecendo, acima do céu nublado, só não podíamos vê-la. Quem se importa com beijos quando ela vê através das nuvens?


Você vai gostar se: Adora livros do John Green, romances excêntricos, star wars e histórias extremamente curiosas. 

FICHA TÉCNICA
Livro: Tartarugas até lá em baixo
Autor: John Green
Gênero: Ficção americana
269 páginas
Editora: Intrínseca


umpoucomaisderedesociais 

2 comentários:

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