Quando o amor nos faz mudar (pra melhor)


Eu sempre fui uma pessoa independente. Deixe me explicar. Desde pequena eu gosto da sensação de saber cuidar de mim mesma, de tomar as rédeas dos meus próprios caminhos. Me lembro de quando eu tinha 8 anos, certa vez andando no centro da cidade, paramos numa esquina e minha mãe segurou na minha mão até que pudéssemos continuar andando. Eu olhei pra ela com uma inocência quase suplicante e disse “mamãe, eu sei atravessar a rua sozinha”. Ela soltou minha mão e observou (do meu lado, claro) eu esperar o sinal abrir e cruzar a rua toda pomposa. Nunca me senti tão feliz e livre como naquele momento. Desde então minha mãe sempre anda comigo mas ela nunca segurou nas minhas mãos novamente. Ela sempre confiou que eu sabia muito bem olhar pros dois lados e avaliar se valia a pena a travessia. Então, não que eu não precise de ninguém. Eu preciso, e muito. Mas eu sempre gostei dessa liberdade. De ser responsável por minhas escolhas. 
E eu cresci assim. Sempre me colocando em primeiro lugar, sempre aguentando as consequências das minhas decisões. Alguns chegavam e me viam como um passarinho que devia voltar pra gaiola. Queriam de qualquer forma que eu ajustasse minha vida a um clichê de domínio, e não de companheirismo. E não dava certo. Nunca deu. Até você chegar. Como toda história, a minha também teve um porém. Um “mas” pra mudar um pouquinho o rumo de um roteiro que eu achava que já tava praticamente escrito. 
Você chegou, e de cara, não julgou nem um pouco minha solidão, e sim, se identificou com ela. Olhou pro meu apartamento bagunçado e planejado pra “só uma pessoa” (com letras garrafais) e pediu pra ficar mais um pouco. Tomou um café, viu um filme, dormiu no dia que a tempestade tava perigosa demais pra ir pra casa. O sofá que eu me esparramava passou a ser bem grande pra duas pessoas e um gato. O fogão passou a ser usado, a pia tinha louça a mais pra lavar e vejam só, até uma cópia da chave eu fiz pra te dar. Foi se ajustando aos meus compromissos sem hora, aos meus incansáveis atrasos, somando e não diminuindo. Sem perceber, você se tornou parte da minha independência sem tirar minha liberdade. Você conseguiu quebrar a barreira que eu tinha feito em volta não só da minha vida, mas também do meu coração. 
Que eu me deixei levar pelo sentimento é certeza e fiquei muito tempo tentando entender o porque. Será que é a sua mania de sorrir comigo, de me entender, de não conseguir me deixar irritada por mais que tente? Sera que é porque sempre tem assunto, sempre tem risada, sempre tem musica? Será que é porque nem o maior tempo do mundo é suficiente pra ficar no seu abraço? Mas eu só entendi mesmo um dia desses. Aquele que a gente saiu pra ver um filme. Era um dia lindo e você sugeriu que a gente andasse até o cinema, pro tempo passar. Descemos a escada, paramos no sinal e você segurou a minha mão. Por instinto, eu largaria. Mas, por amor, eu me deixei segurar.

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