Sobre formaturas

Tudo começou quando ainda éramos bem pequenos. Um dia nossos pais nos levam a alguma papelaria e nos deixam escolher vários materiais. É tudo maravilhoso, cadernos decorados, lápis de cores, canetinhas, borrachas com desenhos. Ficamos confusos e felizes ao mesmo tempo e queremos saber o motivo disso tudo, então, somos apresentados a escola. No início ficamos receosos, alguns até choram e querem voltar pra casa de qualquer jeito. Como assim ficar  5 horas num lugar com um monte de crianças desconhecidas ? E os desenhos que eu assistia de manhã ? E a minha soneca ? Acho que pensamos desse jeito. Mas aí, uma luz brilha lá no fundo, sim é isso mesmo, tem um parquinho, os coleguinhas já não parecem tão desconhecidos assim e nossos pais nos entregam para um caminho agora sem volta. Depois de aprender o alfabeto, a contar até 10, escrever seu nome, ler algumas coisas e colorir, colorir MUITO, chegamos ao ensino fundamental. Agora já descobrimos que nossa querida escola não é tão legal assim. Temos que fazer todas as atividades, não conversar, não gritar, tudo vale ponto e aonde foram parar os desenhos ? Lápis de cor só se for pra colorir mapa de geografia ! Nossos colegas estão maiores e mais chatos, meninas não se misturam com os meninos, o recreio é a parte preferida do dia. Nesse longo período aparecem as primeiras dificuldades com as matérias, as primeiras professoras chatas, o primeiro amor, as espinhas, as brigas com as amigas por coisas fúteis e infantis. Legal é quem tem mais cartinhas do "yu-gi-oh" ou mais posters daquele cantor que é a sensação do momento. Parece que vai durar uma eternidade mas então chega o ensino médio. Doce ensino médio. Ele chega trazendo junto  com os logaritmos e verbos, as piores inseguranças, os piores medos, as brigas com os pais, a desilusão amorosa, as amigas falsas, o primeiro emprego. Temos que assumir responsabilidades que antes não eram nossas. Os professores já não simpatizam mais conosco e pregam o tempo todo que somos uma "geração de adolescentes irresponsáveis e preguiçosos". Além disso, temos que nos preocupar com o vestibular, com o que iremos fazer quando tudo isso acabar, sendo que, não temos certeza nem do que queremos fazer amanhã. Mas aí chega o terceiro e último ano. Ele passa rápido até demais e quando chega nossa tão sonhada formatura é que nos damos conta que finalmente vamos deixar a escola. No início é só comemoração e festa. Mas aí começamos a nos lembrar que agora, nossas preocupações vão além de ter que estudar pra três provas no mesmo dia. Começamos a nos lembrar lá do início, dos primeiros materiais, dos primeiros colegas, das primeiras colas. Começamos a nos lembrar do que passamos e mesmo odiando tudo e todos sentimos saudades. Das brigas, dos deveres, dos professores (até dos chatos), dos passeios, das zoeiras sem limites. Pegamos o diploma sem nos dar conta que agora é cada um por si. Cada um irá seguir o seu caminho sem ter a certeza de que um dia vão se ver de novo. Mesmo reclamando a vida toda de acordar cedo, dizendo que " se escola não fosse obrigatória eu não ia", nós vamos carregar todas essas lembranças o resto da vida. E vamos sentir muita falta delas. Hoje eu não tenho certeza se caso ou compro uma bicicleta, se o ano que vem eu vou fazer uma faculdade, se daqui a uns anos vou ser bem sucedida. Mas tenho certeza que todos esses anos de "sofrimento" serviram pra nos preparar pra enfrentar o mundo e tentar mudá-lo. Que daqui a uns anos eu encontre meu colegas, quem sabe numa daquelas reuniões de formandos antigos, e que eles também se lembrem com carinho de tudo que passamos, juntos ou não. Pode ser que não tenhamos sido os melhores , que  a escola não sinta tanto orgulho assim de terem nos tido como alunos. Mas que cada um de nós sinta orgulho de ter vencido essa etapa na vida, de poder contar sobre essa conquista. Tenho certeza que é a primeira de muitas. 

Ps. Dedico esse texto aos meus lindos e zoeiros amigos, formandos 2014 da escola Theolinda de Souza Carmo. Esse foi o melhor ano da minha vida ! Vocês são demais ! #MelhorTerceirão2014

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